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Notícias na 25 de março

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Startup Loft se torna 11º unicórnio do País após nova rodada de investimento

Empresa anuncia aporte de US$ 175 milhões em rodada liderada pelos fundos americanos Vulcan Capital e Andreesen Horowitz

O ano mal começou e o Brasil já tem o primeiro unicórnio da safra 2020. Após uma rodada liderada pelos fundos americanos Vulcan Capital e Andreesen Horowitz, a startup de compra, reforma e venda de imóveis Loft está avaliada em mais de US$ 1 bilhão, segundo apurou o Estado. Embora a Loft não confirme o valor, isso faz da empresa o 11º unicórnio unicórnio brasileiro.

A companhia anunciou nesta sexta, 3, que levantou US$ 175 milhões com a nova rodada de investimentos, a terceira de sua história - participaram também QED Investors, Fifth Wall Ventures, Thrive Capital, Valor Capital e Monashees. No total, a startup já levantou US$ 275 milhões em rodadas de investimento, além de já ter captado R$ 326 milhões em dois fundos imobiliários - o fundo mais

recente, administrado pela corretora Credit Suisse Hedging-Griffo (CSHG), foi anunciado em dezembro.

Fundada em agosto de 2018, a Loft levanta os dados de transações imobiliárias e usa inteligência artificial para oferecer propostas de compra para apartamentos usados em vizinhanças específicas.

Depois de compradas, as residências são reformadas por empreiteiros parceiros, utilizando padronização de marcas para conseguir ganhar escala. Em 2019, a empresa transacionou mais de mil apartamentos na cidade de São Paulo e já tem outros 300 à disposição.

"Vamos usar o dinheiro para expansão geográfica e de produtos", diz ao Estado Mate Pencz, cofundador da empresa. No primeiro semestre, o foco geográfico deve acontecer em duas cidades: Rio de Janeiro e Cidade do México. No final de 2019, ela já passou a comprar seus primeiros imóveis no bairro do Leblon e a intenção agora é acelerar a atuação na cidade. Durante o ano, a empresa planeja também chegar a Ipanema e a outros bairros da zona sul carioca.

"Queremos repetir o plano de expansão feito em São Paulo", diz Pencz. "Entramos em bairros consolidados de classe média alta e depois crescemos para outras localidades". Na capital paulista, a Loft começou por Itaim, Jardim Paulistano e Jardins e já oferece serviços em 18 bairros.

Já a expansão mexicana se encontra em estágio embrionário. Para chefiar a operação por lá, a Loft contratou Juan Pablo Ramos, ex-diretor de expansão regional do Uber Eats na América Latina.

Enquanto ele monta a equipe, a startup tenta entender os dados do mercado imobiliário local - a ideia é ter a operação funcionando durante o segundo trimestre deste ano. "São Paulo foi um laboratório e conseguimos provar que a nossa fórmula pode funcionar em diferentes cidades. Esse aporte reflete um pouco isso", explica Pencz.

Além das duas cidades, a empresa mira a entrada em outras capitais do Sul e do Sudeste, como Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte. Brasília também está no radar.

"A Loft tem apresentado forte crescimento e a oportunidade de mercado que se apresenta é enorme, considerando o tamanho do setor imobiliário no Brasil e suas ineficiências. Acredito que essa combinação de fatores foi determinante para o investimento", diz Felipe Matos, empreendedor e autor do livro 10 Mil Startups.

Serviços
Com o novo aporte, a Loft não mira apenas a expansão geográfica, mas também de produtos. A startup mira produtos financeiros, como financiamento imobiliário e home equity. A Loft tem uma espécie de marketplace, no qual bancos e outras empresas financeiras podem ofertar seus produtos - a Loft fica cobra uma taxa das empresas. Atualmente, a Itaú e Cyrela estão entre os parceiros da Loft, mas

Pencz diz que mantém conversas com outras instituições financeiras.

No marketplace, há também a possibilidade de ofertar outros produtos como seguros residenciais e serviços de arquitetura - a empresa tem uma parceria com o escritório de João Armentano.

Aposta na região
Com o aporte na Loft, tanto Vulcan Capital quanto Andreesen Horowitz fazem seus primeiros investimentos em startups brasileiras. "É uma aposta não só no modelo de crescimento da Loft, tanto nacionalmente quanto internacionalmente, mas também uma aposta no ecossistema da região", diz Pencz.

A opinião é parecida com a de Felipe Matos: "O fato do investimento ter sido feito por investidores estrangeiros que ainda não atuavam no país também demonstra que o ecossistema nacional está atraindo cada vez mais capital externo, tendência que deve se manter em 2020", diz.

"A Loft está criando uma fonte consolidada de verdade sobre os preços de estoque e transação, que têm sido, até agora, fundamentalmente ausentes no mercado imobiliário na América Latina", afirma também em nota Rafael Costa, sócio geral da Vulcan Capital. A Vulcan Capital foi fundado por Paul Allen, cofundador da Microsoft que morreu em 2018. Já a Andreessen Horowitz fez investimentos no Facebook e no Twitter antes de abrirem capital.

É uma parceria que anima a startup. "A Vulcan vai poder continuar acompanhando a empresa por muito tempo. Estamos longe de abrir o capital, mas a Vulcan poderá nos acompanhar até chegarmos à Bolsa em diante. Isso fez essa rodada fazer sentido para a gente", diz Pencz. /COLABOROU GIOVANNA WOLF

(Fonte: Bruno Romani Estadão) - 05/01/2020
Banco Inter abre 13 mil novas contas por dia

Segundo executiva, startup registra crescimento de 150% na comparação de movimento com o final de 2018; investido pelo SoftBank, banco digital aposta em parcerias com startups apoiadas pelos japoneses

O banco digital Inter está abrindo cerca de 13 mil novas contas por dia útil, afirmou a diretora de relação com investidores da empresa, Helena Caldeira, em evento realizado em São Paulo na manhã desta sexta-feira, 9. Segundo a executiva, o movimento, que resulta em cerca de 250 mil novos clientes por mês, é cerca de 150% superior ao registrado no final de 2018. Parte disso se deve ao super app da empresa, lançado em novembro, e que além de serviços financeiros, traz um shopping virtual com mais de 60 parceiros, incluindo Aliexpress e Americanas.

Segundo ela, o super app foi um dos destaques do ano da empresa, bem como os dois aportes realizados pelo grupo japonês SoftBank - hoje, o conglomerado de Masayoshi Son detém uma cadeira no conselho e 14,9% das ações do Inter.

Na manhã desta sexta-feira, 9, Helena afirmou que o grupo estuda realizar integrações financeiras com outras startups investidas pelos japoneses no País, como Loggi, Vtex e Gympass. O SoftBank, vale lembrar, já realizou 14 investimentos em startups latinas em 2019. No caso do Gympass, por exemplo, a parceira pode envolver serviços financeiros para donos de academias - o Gympass é uma

empresa que oferece uma espécie de "Netflix da atividade física" para empresas, que podem estender o benefício a seus funcionários. Em junho deste ano, a companhia recebeu um aporte de US$ 300 milhões liderado pelo SoftBank.

Além de alianças estratégicas com as "companheiras" de investidor, o Banco Inter também faz "parcerias intelectuais" com as startups apoiadas pelo SoftBank, trocando experiências de mercado com as outras empresas, revelou Helena.

(Fonte: Bruno Capelas e Giovanna Wolf) - 22/12/2019
Havaianas mira o freguês do futuro com loja laboratório em SP

Espaço inaugurado em São Paulo tem prateleira infinita, espelho inteligente e câmeras; modelo será exportado para Londres em 2020

Sinônimo de chinelo de dedo e de glamour no mundo da moda, a Havaianas abriu no início deste mês, em São Paulo, sua primeira loja laboratório. Cheio de tecnologia, o novo ponto de venda da marca do Grupo Alpargatas tem uma intenção muito clara: saber quem é o consumidor da empresa. Mas no lugar da tradicional conversa de balcão, na qual o cliente deixa escapar preferências e desejos ao vendedor, a estratégia da loja passa pelo uso de novas ferramentas, que potencializam as futuras vendas. Câmeras espalhadas desde a entrada, prateleiras infinitas e até um espelho interativo no provador são alguns dos instrumentos que unem o varejo físico ao mundo digital.

Quem entra na loja instalada no Shopping Iguatemi, espaço de luxo na zona sul da capital paulista, logo sente o cheirinho tradicional da borracha usada na fabricação do chinelo. Logo adiante, o visitante se depara com um painel interativo que conta a história da marca desde seus primeiros passos, em 1962. Enquanto isso, câmeras atentas detectam as expressões faciais e reações dos visitantes - se sorriem quando acham o produto que procuram ou se fecham a cara quando a expectativa é frustrada.

Além da detecção facial, as câmeras também capturam um "mapa de calor" da loja. Isto é, identificam as mercadorias que chamam mais atenção do consumidor e reúnem o maior número de pessoas interessadas em vê-las e tocá-las. Outra fonte de informações sobre a clientela é a rede de Wi-Fi gratuita, oferecida mediante preenchimento de cadastro. Além disso, os dados do caixa também ajudam a empresa a entender, afinal, o que de fato se converte em vendas. "Para analisar tudo isso, temos um time que coleta e cruza todas as informações", diz Fernanda Romano, diretora de marketing e inovação global da Alpargatas.

Privacidade é questão importante de tecnologia
Ela frisa que todas as informações são avaliadas como números, não sendo individualizadas. Segundo a executiva, é possível identificar, em um conjunto de 100 clientes que passaram pela frente da loja, quantos de fato entraram - mas não suas identidades. "Nunca vamos conseguir saber qual cliente entrou e comprou determinado produto", explica a executiva. Ela ressalta que a técnica usada não é de reconhecimento facial, mas de detecção e que há avisos espalhados pela loja para que os clientes saibam que estão sendo observados. "Somos muito rigorosos e seguimos todas as legislações nacionais e internacionais no que se refere à proteção e privacidade de dados", afirma.

Para o especialista em privacidade Rafael Zanatta, coordenador de pesquisas do Data Privacy Brasil, a estratégia pode sair pela culatra. "Softwares assim são vendidos para incrementar as vendas, mas podem também gerar uma quebra de confiança do consumidor com a marca. É preciso ter a opção de fazer uma compra sem ser monitorado", diz. "Além disso, ao saber que está sendo monitorado, o comportamento do cliente já deixa de ser espontâneo."

Na visão de Zanatta, a discussão é complexa. "A privacidade não é um direito sobre ser deixado em paz, mas sim de conseguir negociar as relações sociais que regem o fluxo de dados. Quando não há negociação, a pessoa deixa de ter autonomia", afirma. Segundo o especialista, um caso semelhante de uso de tecnologia por uma loja da Hering em São Paulo desembocou na abertura de um processo administrativo pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), ligado ao Ministério da Justiça. "É um caso que vai determinar o futuro dessas iniciativas de tecnologia."

Teste inclui espelho inteligente e prateleira infinita
Com uma construção modulada, a loja laboratório permite que a Havaianas execute testes constantemente. Em questão de minutos, araras e prateleiras podem ser mudadas, seguindo uma nova forma de apresentar os produtos de acordo com as preferências manifestadas pelos clientes. As mercadorias são expostas criando momentos de uso e temas, como "pé na areia" e "happy hour", por exemplo, combinando modelos do chinelo com outros itens de vestuário.

Segundo Fernanda, a exposição das coleções da marca para os próximos meses já está toda programada nas lojas da empresa - mas isso pode ser rapidamente alterado no Shopping Iguatemi. Se a tendência de compra se alterar em São Paulo, a experiência pode ser replicada para os mais de 500 pontos de venda espalhados pelo País.

Enquanto isso, espaços da loja trazem uma experiência de compra personalizada. O espelho interativo, dentro do provador, por exemplo, cria um ambiente específico para cada ocasião: se o cliente toca no ícone "férias na praia", o som de gaivotas e ondas tomam conta do espaço. A iluminação fica semelhante a um dia de sol, enquanto a tela espelhada reflete imagens de chinelos, roupas e acessórios da marca recomendados para a ocasião.

Já a prateleira infinita permite que o cliente conheça um número maior de produtos do que os que estão disponíveis na loja - é possível buscar itens por cor ou momentos de uso, escanear o código de compra com o celular e encomendar o item pela loja online da Havaianas. Além disso, há ainda um armário (locker) instalado na entrada da loja, para clientes que vão só retirar suas compras online.

"Todas essas tecnologias combinadas significam a digitalização do varejo físico", resume o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra. O varejo físico, observa, está um passo atrás em relação o online nas informações sobre os clientes. "Praticamente, não se faz nada, nem o fluxo de pessoas na loja física é medido."

O fato de a Havaianas reunir todas as tecnologias numa loja só chama a atenção, segundo o presidente da SBVC. Ele diz que não tem conhecimento de uma varejista que neste momento esteja testando várias tecnologias simultaneamente num único ponto de venda. "Outras empresas testam tecnologias específicas, mas em lojas específicas", observa.

As ferramentas usadas na digitalização da loja física têm impactos concretos nos resultados do varejo. O uso da prateleira infinita, por exemplo, pode trazer ganhos de produtividade nas vendas por metro quadrado e por vendedor, além de reduzir o volume de estoques na loja física, especialmente de produtos que são pouco vendidos. "Hoje, o mercado pede essa agenda da digitalização das empresas que vieram do varejo tradicional para o digital", diz Terra, lembrando que a Havaianas faz parte do Grupo Alpargatas, que tem ações na Bolsa.

A Havaianas não revela quanto investiu no projeto nem quais são as expectativas de resultados que ele pode proporcionar. Mas, ao que tudo indica, a companhia está firme nesse propósito. Em fevereiro de 2020, planeja abrir a segunda loja laboratório, desta vez em Londres, na badalada Carnaby Street. Tudo para conhecer o comprador de Havaianas no mercado internacional e transformar o cliente em freguês, como nos velhos tempos do varejo - agora, tipo exportação.

Uber entra na disputa e leva patinetes elétricos a Santos

Quem quiser usar o serviço, disponível a partir desta terça, deve usar o mesmo app para viagens em veículos

O Uber acaba de entrar na disputa dos patinetes elétricos para o Brasil. Desde ontem, a modalidade estará disponível na cidade de Santos, no litoral paulista.

Inicialmente, o usuário terá de pagar R$ 1,50 para desbloquear o veículo. A partir daí, cada minuto rodado custará R$ 0,75 no bolso. Para quem deseja utilizar o serviço, não é necessário baixar nenhum outro aplicativo: basta a mesma conta e o mesmo app usados para requisitar viagens em veículos.

"Estamos empolgados em trazer os patinetes elétricos da Uber para o Brasil começando por Santos, uma cidade aberta à inovação e que tem uma boa infraestrutura cicloviária", diz em comunicado Ruddy Wang, diretor de novas modalidades do Uber no Brasil.

Por enquanto, não há previsão de quando os patinetes do Uber chegarão a outras cidades brasileiras. Eles serão identificados com a cor vermelha, transformando a disputa neste mercado em uma batalha de cores - a americana Lime usa o verde-limão, enquanto a Grow usa o verde (Grin) e o amarelo (Yellow), de suas duas marcas.

Com os patinetes, o Uber dá mais um passo para se transformar em uma plataforma de mobilidade com múltiplos serviços. No futuro, a empresa pretende transformar seu app numa central de transportes, adicionando opções como bicicletas elétricas e helicópteros, além de informações sobre o transporte público - algo que já está sendo testado no País.

"Queremos ser o sistema operacional da sua vida", afirmou o presidente executivo do Uber, Dara Khosrowshahi, em entrevista ao site americano de tecnologia Engadget, realizada no segundo semestre deste ano.

(Fonte: Redação Link Estadão) - 11/12/2019
O que está por trás da inteligência artificial de crédito do Nubank

Em entrevista exclusiva ao Estado, indiano Krishna Venkatraman, que trocou IBM pela fintech, explica como identifica bom pagador e evita viés em sistema

Para muita gente, o uso de inteligência artificial (IA) parece mágica, como se o uso de dados para produzir soluções em desafios variados fosse uma espécie de feitiço, sem grandes explicações. É algo que pode ser problemático, especialmente na aplicação da tecnologia em áreas sensíveis, como a obtenção de crédito. Afinal, como saber se a máquina julgou corretamente os fatores de riscos? Ou se o algoritmo não refletiu preconceitos sociais? Como realizar uma análise de crédito justa, respeitando a privacidade dos usuários?

São desafios com os quais o indiano Krishna Venkatraman precisa lidar diariamente: no início do ano, ele trocou a vice-presidência de ciência de dados da IBM e Nova York pela cidade de São Paulo.

Aqui, o indiano, pós-doutor em Engenharia Industrial pela Universidade Stanford, dirige a área de ciência de dados do Nubank - a fintech que mais emite cartões de crédito no País.

Em entrevista exclusiva ao Estado, Venkatraman abre a caixa-preta da IA do Nubank, explicando como a empresa usa algoritmos para identificar bons e maus pagadores - entre as informações estão relatórios de birôs de crédito, comportamento de compras e até recomendações de usuários que também já são clientes. Também fala como a fintech faz para evitar o viés nos algoritmos - um problema que vem chamando cada vez mais a atenção. Nos EUA, por exemplo, a Apple foi acusada de oferecer limites menores às mulheres no cartão de crédito Apple Card.

Para o executivo, porém, é importante garantir que as máquinas não estejam no controle. "Não são elas que tomam decisões. São pessoas usando informações, deliberadamente. Se um usuário tem alto risco em certo limite, concedemos a ele limite mais baixo", afirma. A seguir, os principais trechos da entrevista.

É fácil saber quais serão os bons e os maus pagadores. Mas entre eles há uma grande zona cinza. Como navegar por ela?
É na zona cinza que estão as oportunidades. Aprovação de crédito é um processo caro - e isso já exclui muita gente, porque o custo é muito alto, então só ficam os consumidores que "valem a pena".

Com IA, podemos reduzir tempo e custo radicalmente, analisando o crédito em segundos - e não em uma semana. Quando tratamos o crédito, precisamos analisar a possibilidade de uma pessoa pagar de volta e como equilibrar esse custo. Não é a máquina que toma as decisões. São pessoas usando informações, deliberadamente. Se um usuário tem alto risco em certo limite, concedemos a ele limite mais baixo. Assim, a pessoa pode usar nosso produto e, com mais informações, podemos até aumentar o limite.

Vocês usam dados não tradicionais na análise de crédito?
Usamos apenas na área de atendimento ao cliente. Temos uma base de usuários enorme e eles têm perguntas diferentes.Não é possível ter funcionários lendo todas mensagens para tentar adivinhar as respostas, não é algo escalável. Em relação ao crédito, a decisão de crédito tem que ser baseada nos comportamentos ligados a crédito.

O comportamento em redes sociais ou no WhatsApp influencia a obtenção de crédito?
Não fazemos isso. É melhor confiar no que a pessoa fez. Nunca usaremos, sem permissão clara, dados que são dos clientes, não estamos nos negócios de garimpar dados ou bisbilhotar o texto das mensagens de alguém. Se você pensar, pode ter consequências não intencionais se usar outros tipos de dados no sistema.

Que consequências seriam essas?
As pessoas interagem em um ambiente diferente nas redes sociais. Não há sinais fortes que possam ser aproveitados numa análise de dados. Se usarmos sinais como esses, podemos abrir nosso negócio para pessoas que mudam seu comportamento só para se adequar ao modelo - o que acaba sendo o oposto do que se quer. Soa legal dizer que se faz análise de redes sociais, mas tenho uma visão pragmática de IA. Precisamos usar dados realmente eficientes.

O Brasil tem muitas diferenças sociais. Como garantir que essas disparidades não se reflitam no julgamento de crédito pela IA?
Queremos saber apenas quais são as condições e fatores que afetam crédito, como renda ou ficha criminal. São coisas razoáveis de se supor e não são segregatórias. Sociedades podem ter diferentes proporções de pessoas com certas características, mas não se deve condicionar uma decisão sobre isso. Não dá só aprovar um número "x" de pessoas num grupo: tem que olhar para os fatores de crédito que sustentam a decisão e analisar se ela é justa ou não.

E como garantir um sistema que não tem viés, sendo justo com todos os que buscam crédito?
O viés existe independentemente da IA. Se eu só falasse em regras, sem pensar em IA, como saberíamos que ela são justas? O segredo não é usar a máquina como caixa preta, concordando diretamente com a previsão dela. Pensamos em causalidade: nossos modelos são construídos para terem explicação sobre as decisões. Sempre fazemos testes para ter mais sinais sobre clientes que a máquina diz ser de alto risco. São pessoas que queremos que entrem em nosso sistema, mas de quem queremos ter mais informações.

Como usar dados e respeitar privacidade?
Nos próximos 10 anos, os clientes tomarão as rédeas sobre os direitos de seus dados. Também sou um consumidor e acho isso bom: quem trabalha com isso precisa pensar em como administrar os dados para gerar benefícios, sem expor as informações. É possível anonimizar dados sensíveis ou remover informações pessoais a menos que seja extremamente necessário, como em casos de fraude. Não há razão para um cientista de dados saber precisamente quem é determinado cliente, porque ele pode analisar pelo contexto.

A IA do Nubank aceita que a empresa perca em algumas situações para ganhar em outras? Ou a empresa sempre terá vantagem contra o consumidor?

A missão do Nubank é empoderar clientes e eliminar complexidade. Isso permeia muito do que fazemos. Não podemos perder dinheiro com cada cliente e imaginar que vamos durar muito tempo, temos que ser lucrativos. Mas sabemos que os usuários são livres para ir onde quiserem. Administramos o risco com consciência disso.

As fintechs podem vencer os bancos tradicionais só por usarem IA?
IA e dados são ferramentas para fins específicos. Podemos ter vantagem agora, mas todos os grandes bancos estão olhando para isso. A vantagem que temos - e que as outras empresas ainda precisam refletir sobre - é na centralidade do usuário. Não é uma resposta tecnológica, e nunca é. A resposta é como fazer a tecnologia trabalhar em direção ao usuário.

O que difere os mercados de crédito do Brasil e dos EUA? Há desafios específicos aqui?
Os dois têm a mesma estrutura, mas as fontes de dados são diferentes. A riqueza e diversidade de dados dos EUA é maior. O Brasil tem alguns buracos que precisamos cobrir. Informações de bom pagamento, como o cadastro positivo, ainda não são amplamente adotadas por aqui. Saber que alguém pagou uma conta no tempo correto é valioso. Mas isso vai mudar em breve, não vai demorar 50 anos, como aconteceu lá. O ritmo da tecnologia é rápido o suficiente para que isso não aconteça.

(Fonte: Bruno Romani Estadão) - 11/12/2019
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Sobre o Portal da 25 de Março

O Portal da 25 de Março foi lançado em 01 de janeiro de 2002, tendo como objetivo principal a divulgação de empresas e produtos comercializados na região da rua Santa Ifigênia no centro da cidade de São Paulo, focando-se principalmente em produtos voltados para a área doméstica em geral.